Cheio de ginga, embalava a noite.
Não tinha vintém.
Fez do violão o seu preço.
E com o instrumento transformara sua feiura em
adereço.
Trocava as melodias pelo copo cheio.
Filho de ogum com iemanjá,
Alimentava-se de crenças sem pestanejar.
Açambarcava as almas das solteiras e os anéis das
casadas.
Após dez copos virados da branca que rasgava a
garganta,
Mais treze canções interpretadas,
Sentia no corpo o arrepio das almas que o
açoitavam.
Pegavam-no pela calça puída.
Ele escorregava por debaixo da mesa.
As palmas dos convivas corriam por todos os lados.
Despedia-se do boteco puxado por uma força
invisível.
Não eram pessoas, eram seres de outro mundo.
Logo seu corpo se transubstanciava em lobo.
Subia no morro e começava a uivar para a noite.
Eis que acordava as casas ao redor.
Os habitantes já arrumavam o maior quiproquó:
‘Véio bêbado tem dó!’
Adorei, Hanna!
ResponderExcluirE estou gostando de sua constância no blog. Bom final de semana.
Eva