imagem retirada do google |
É uma arte, a busca por manter
a linha. Manter a classe. O tal equilíbrio que está na boca de todos. Esse
caminhar na corda bamba. Não deixar transparecer todas as suas intenções, tudo
aquilo guardado, que você realmente pensa, para não contestar aquele que pensa
de forma tão diferente da sua. A preguiça monumental de saber quais tipos de
conclusões sobre aquele assunto cada um possui. Esse é o contorcionismo das
palavras. Dizer não dizendo.
Parece pedante falar sobre a
preguiça do debate, mas não, não é. Há alguns momentos em que os pressupostos defendidos
por alguém têm base em algo oposto ao que você acredita aí o monólogo vai se
apresentando.
Para evitar a discussão
desgastante, você permanece ali, observando o interlocutor e apenas sonhando com o
momento oportuno para sair daquele lugar em que se meteu. São tantas
futilidades, baboseiras e demais reticências que não fazem sentido. Mas o seu
interlocutor as entende plenamente. E você está ali diante dele, um alienígena.
Você permanece hermético, silencioso, confortavelmente sentado, com um sutil
sorriso no rosto.
Fazer questionamentos que
poderão levar a um debate, não, você não os faz. Já sabe que os pontos de vista se distanciam tanto, que qualquer coisa dita, levará a lugar nenhum. Você transforma-se em estátua que solta alguns zunidos: humrum, hanram, é..., talvez..., isso
nunca me aconteceu..., não acredito muito nisso...
E o seu interlocutor, ainda
assim, não percebe que está falando com as paredes. Continua a despejar suas
convicções. Só depois de algumas dezenas de minutos você consegue sair dali,
com a desculpa do “preciso ir ao banheiro”. E escapa, como se tivesse
percorrido uma maratona inteira, sem chegar à linha de chegada, mesmo assim não
se frustra. Você só queria evitar a fadiga!
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