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Começamos a vida sempre com o
calor da euforia. Tantos lugares a descobrir, tantas outras pessoas a desvendar,
tantas metas a cumprir. O começo sempre é expansivo. Voltado pra fora.
Autoconfiante, apesar da timidez. No início, somos capazes de dizer que somos
vividos, por mais que só tenhamos conhecido algumas pessoas muito próximas à
nossa realidade social. Sabemos de tudo. Não temos que dar satisfação a ninguém,
porque já sabemos demais sobre as coisas do mundo.
À medida que a vida vai se
sedimentando, as dúvidas começam a aparecer. As escolhas começam a fazer com
que deixemos pela estrada tantas outras possibilidades. Acumulamos o ontem e
deixamos escapar pessoas e situações provavelmente interessantes. Ao mesmo tempo
em que alcançamos histórias que nos fizeram chegar até aqui, para caracterizar
esse ser que se vê no reflexo do espelho.
No passado, projetávamos o
futuro com olhos brilhantes. Nos víamos
ajudando pessoas na África, depois de enfrentar a faculdade de medicina e
ingressar no Médicos Sem Fronteiras. Nos víamos desbravando o universo e vendo
a Terra lá do espaço. Nos víamos grandes seres humanos. Quiçá, poderíamos nos
tornar em: uma Clarice Lispector, um Einstein, um Freud, um Machado de Assis.
Porque quando éramos aquele ser
seguro, tudo era possível. Não conhecíamos as fronteiras do que nos
caracterizaria. Nem sabíamos que nunca chegaríamos a conhecer, ao certo, onde
essa fronteira encontra o seu limite. Imaginávamos que a delimitação de toda a
nossa maneira de ser estava presa aos nossos sonhos e que eles efetivamente se
concretizariam.
Saber que nem tudo virá a ser o
que imaginávamos e que esses sonhos podem vir a se tornar outros é o passo para
o outro lado da vida. A mística da juventude, diluímos na realidade. E passamos
a compreender nos nossos sonhos parcela do que somos, porque a imaginação
também nos caracteriza. Os lugares que desejávamos conhecer serão selecionados
pelo quanto nossa carteira possa despender para chegar até eles.
As pessoas que vem e vão comporão
esse emaranhado do que vamos nos tornando. Isso incrementado com uma pitada de
felicidade e de dor, para cada qual que se aproxima e se afasta.
Há vezes em que os passos rumo
à virada da juventude para maturidade é interrompido de forma abrupta e com dor
vemos a impossibilidade de nos depararmos com as incertezas, os tropeços, as
alegrias que só a caminhada pela vida proporciona. O desastre ocorrido em Santa
Maria, Rio Grande do Sul, expõe com lente de aumento a inviabilidade de se dar
passos rumo a um futuro, que por mais que incerto, era futuro.
Como o ontem não volta,
precisamos urgentemente do hoje, para corrigirmos falhas, a fim de que um
amanhã não seja interrompido em chamas.
(texto publicado pela Revista MeiaUm, n. 21, fevereiro de 2013)
(texto publicado pela Revista MeiaUm, n. 21, fevereiro de 2013)
Um crítico gastronômico diria: "Um bom restaurante amanhã!"
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