terça-feira, 18 de junho de 2024

Entre uma estrela e o vazio.


 

Havia uma estrela que brilhava e falava sem parar, me deixava atordoada com seu brilho e sua ausência de silêncio. Como queria que ela não fizesse parte do sistema planetário, mas lá ela estava. Falava tanto que se repetia sem cessar: mesmas histórias, mesmos repertórios. Ela me deixava exaurida e desesperada. Queria fugir, mas não conseguia, eu era o que do universo não se via, mas se sabia que existia. Eu era o vazio. Aquele espaço entre uma estrela e outra, entre um planeta e outro, eu era tudo aquilo. Mas de todos os cantos do universo, era apenas aquele lugar, perto daquela estrela tagarela, em que eu ficava mais ausente de mim. Ela me absorvia, me consumia. Puxava todo o meu centro. Eu definhava, sem ter a escolha de partir. Eu curtia somente o barulho de explosões intergaláticas, apenas. Como queria deixar de ser o vazio que permeia tudo e tentar escapar daquela que não consegue enxergar além de si.

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